A minha Droga

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Avô

Por ti e para ti, sei que adoravas Amália.
Há precisamente um ano eu era a rapariga mais infeliz do mundo. Andava revoltada com tudo, dizia não ser justo, não compreender, e magoava-me saber que jamais te iria ver e ouvir. Consciencializar-me de que tinhas partido era impossível. E continua a ser.
Não te vou dizer que não chorei hoje, chorei e agora choro, lembrando o dia 20/01/2009, o pior dia da minha vida.
Hoje, um ano depois, continuo com imensas saudades tuas e continuo com aquela enorme confusão na cabeça que é não te ter todos os Sábados, não te ver a acenar-me da janela, não sentir os guardanapos que enrolavas e com que sorrateiramente me fazias cócegas nos ouvidos.
Mas tenho vindo a aprender com o quão bom que eras e és, o bem que me fizeste e tens feito, tudo o que me ensinaste e ainda ensinas. Posso chorar, recordando-me de ti, mas por dentro sorrio e gabo-me de te ter tido como meu avô e de poder ter passado 17 anos da minha vida com o prazer de te poder ver todas as semanas, sentir o teu cheiro e brincar com o teu cabelo branco com algumas entradas.
Chorar não te vai trazer de volta, sei disso, mas por vezes não me consigo conter, desculpa. Sei que odiavas ver-me chorar e é por isso que tento sempre ver o lado positivo (ainda que esteja muito frágil nestas situações).
Dizer que te amo é nada comparado com o que realmente sinto. Fazes-me imensa falta! Ainda assim agradeço, porque decidiste continuar presente na minha vida. Sei que me acompanhas e tens seguido todas as minhas conquistas. Muito obrigada.
P.S. Hoje, numa palestra de um monge indiano à qual assisti, falou da metamorfose e da lagarta/borboleta.
Quem morre não morre totalmente, o seu espírito e células continuam vivos.
És uma borboleta que voou, mas que no fundo continuas presente como sempre estiveste.
(depois de o monge dizer algo parecido com isto fez-se silêncio. Bati palmas com todas as minhas energias. Eram para ti. E para todas as outras borboletas.)

2 comentários:

  1. Como te compreendo tão bem... quase me considero uma orfã. Cresci não conhecendo os meus avós da parte da minha mãe. Da parte do meu pai, a minha avó faleceu tinha eu 1/2 anos. Perdi o meu avô com 16 anos e em Julho vai fazer 7 anos que perdi o meu pai.
    Eu acredito na vida após a morte, mas ainda assim sinto imensa falta de todos, mas como é óbvio mais do meu avô e pai, porque convivi mt com eles e eram super amigos.
    Mando-te um beijo ;)

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  2. Obrigada Gema :)
    Infelizmente todos passamos por esta situação, e ainda que seja sempre uma dor difícil de superar (ou até mesmo impossível), ao fim de um tempo vemos o lado positivo. Ficar triste não nos leva a lado nenhum, e se os recordarmos com um sorriso de certeza que ficam muito mais felizes.
    Sinto muito a falta do meu avô e de muitas outras pessoas que já perdi, mas agora tento encarar de outra forma tudo isto porque sei que não gostariam nada mesmo de me ver triste.

    Um beijinho grande (:

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